Viajantes do Tempo

Como nossos pensamentos (viajantes do tempo) podem nos fortalecer ou nos aprisionar.

Francisco Marques
2 min readMay 31, 2020

As palavras ainda insistem em não se dobrar a mim. Minha cabeça dá cambalhotas e o coração aperta. Já passei por isso antes. Sei aonde essa trilha chega. Ansiedade, criando e recriando coisas que não existiram e nunca vão acontecer. Estive tentando meditação. O desapego é o principal mantra: Olhar, mas não se agarrar a situações que estão no passado ou no futuro.

Uma vez que não podemos modificar o passado, o que está feito está feito, podemos apenas tirar sabedoria para o futuro e nos permitir viajar para as boas recordações. Culpar-se ou sentir raiva ou qualquer outro sentimento sobre um fato já ocorrido é pura perda de tempo. Ruminar o passado é destrutivo. Não iremos consertar nada, pelo contrario.

Pensar excessivamente sobre o futuro é igualmente danoso. Praticamente nada do que imaginamos sobre uma situação no futuro irá se realizar da forma que idealizamos. Projetar de mais e criar expectativas demasiadas só resultam em frustração e desapontamento.

É quase impossível não seguir um pensamento. Não julgá-lo, não dobrá-lo no nosso intimo e criarmos o filme que queremos. Sobre o passado, posso dizer que nossa memória nos engana e que nunca sabemos de todos os detalhes. Um momento de raiva por uma briga fútil pode, nas ruminações do passado, gerar aperto no peito hoje, assim como a ansiedade de um encontro ou entrevista que vai acontecer só na semana que vem gerar desconforto e culminar em decepção no dia.

Não existe um truque ou segredo mágico. Constantemente me vejo tendo que segurar as rédeas dos pensamentos viajantes do tempo. É um exercício quase diário e que exige muito autoconhecimento.

Saber conduzir esse viajante do tempo é um dos caminhos para a felicidade. Saber quando segurar a onda ou simplesmente se deixar levar pelas lembranças boas do tempo de colégio, ou se permitir sentir o frio na barriga antes de uma viagem muito esperada.

Somos feitos de carne, ossos e sonhos, e a forma como encaramos nossas viagens no tempo repercutem diretamente na nossa qualidade de vida e como nos relacionamos com os outros.

Esse texto foi originalmente escrito em janeiro de 2017. Envelheceu em meu baú de textos e agora grita pra sair. Quem sabe, o simples fato de refletir sobre os pensamentos como viajantes amigos e não terroristas sem controle, possa ajudar alguém nesses tempos de isolamento.

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Francisco Marques
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Written by Francisco Marques

Engenheiro, cronista e apaixonado por viagens, histórias, gente e principalmente juntar isso tudo no papel.

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